29.5.12

De Fray Bentos a Rosario

Se alguém olhar no google maps, vai se perguntar por onde cruzamos a fronteira em Fray Bentos. Acontece que os argentinos fecharam  a ponte de Fray Bentos até uns dois anos atrás. Hoje, a ponte está aberta, mas por algum outro motivo, o sr. google nao atualizou o mapa. A argentina fechou esta ponte e outras que faziam fronteira com o uruguai em protesto a instalaçao de uma mega fabrica de celulose em Fray Bentos.

Nesta foto, pode-se ver a ponte e a fábrica de celulose. Houve uma grande polêmica por motivos ecológicos, pois uma fábrica deste tamanho poderia poluir todo o rio Uruguai e também o rio del plata. Nós dormimos no camping que fica em frentea fábrica. Ali tem um balneário onde as pessoas pescam e tomam banho no verao. Falamos com uns pescadores locais e disseram que desde a instalaçao da fábrica nada mudou. Continuam pescando bem e tomam banho no mesmo balneário. Do lado uruguaio, pouca gente se queixa. Vimos apenas algumas pixaçoes contra a papeleira.
No lado argentino, a primeira cidade, fica a 60 km da ponte. Em gualleguaychu, os argentinos continuam protestando. Me parece um tanto contraditório que eles protestem contra a papeleira, distante 60km, enquanto estes mesmos vivem cercados de produtos Monsanto. Em toda a provincia de Entre-Rios, no trecho desde a fronteira até Rosario, há muitas plantaçoes regados a produtos Monsanto. Nao foi necessário investigar para descobrir isto. Na frente das propriedades, enormes cartazes exibem "aqui se usa round-up max". Nao é preciso dizer que todos estes produtos vao ser escoados para o mar del plata.
O nome Entre-rios define muito bem esta regiao. ao leste passa o rio Uruguai e a oeste, passa o rio Parana, que vem lá de Foz do Iguaçú. Mas eu nao esperava que entre esses dois rios houvessem tantos outros. Há rios por todos os lados, muitos navegáveis. E há também alguns lagos e muitos banhados. Passamos uma semana com a humidade a 99%. Em alguns dias de chuva, paramos em um albergue a gualeguaychu. Depois, seguimos para gualeguay e com mais uma grande etapa (105km em um dia, noso recorde), chegamos a Vitoria. Em todas estas cidades, há um forte turismo de pesca.
Neste trecho de Entre-Rios, encontramos as estradas mais feias até agora. Chegando nas cidades, encontramos sempre um comércio bem variado e gente muito simpática. Assim que os fins de dia sempre foram agradáveis.
De Vitoria a Rosario, nos faltavam 60 km. Logo na saída da cidade, a polícia nos parou e disse que nao poderíamos fazer esse trecho de bicicleta. É uma estrada com muitas pontes, pois sao 60km de banhado. E quando construiram essa estrada, nao imaginavam que alguém quisesse cruzar a pé ou de bicicleta, assim que nao tem espaço mesmo para os ciclistas. Para cruzar a ponte de Fray Bentos, tivemos o mesmo problema. Como dizem por aqui, tivemos que "hacer dedo" (pedir carona). Em Fray Bentos, levamos mais de duas horas até encontrar alguma camionete que pudesse levar nós e as bicicletas. Acho que levamos tanto tempo porque a minha barba está muito grande... Aprendi a liçao. Em Vitoria, foi a Elisa pedir carona. Uma mulher, com olhos claros e um capacete branco de bolinhas. Nao preciso nem dizer que foi muito mais rápido. Em menos de 5 minutos, a primeira camionete que encontramos nos levou até Rosario!!
Mesmo que eu apare a barba, acho que eu nao posso competir...